domingo, 10 de setembro de 2017

10 Perguntas respondidas sobre o livro do Êxodo



1) PORQUE DEUS MANDOU OS HEBREUS DESPOJAREM OS EGPCIOS?

ÊXODO 3:22 - Como um Deus todo-amoroso pôde ordenar que os hebreus despojassem os
egípcios de suas riquezas?


PROBLEMA: Êxodo 3:22 afirma: "e despojareis os egípcios". A Bíblia nos apresenta Deus como
sendo todo-amoroso. Entretanto, não parece ser um ato de amor esse o de mandar os hebreus
despojarem os egípcios.

SOLUÇÃO: Primeiro, afirmar que Deus ordenou que eles despojassem os egípcios é não perceber
bem o que o texto diz. Na verdade, Deus ordenou que os hebreus "pedissem" aos egípcios diversos
bens de valor, e ele lhes daria favor aos olhos dos egípcios. Assim, pedindo aos egípcios, eles não os
estavam despojando. Despojar ou saquear, nessa situação, significaria tomar as possessões deles por
meio da força. Mas por terem os hebreus pedido, e os egípcios dado voluntariamente, sem serem
forçados, o efeito seria o mesmo que se estes tivessem sido despojados.
Segundo, o termo usado nesta passagem não é a palavra usual para "despojar", mas indica a
entrega de alguma coisa ou de alguém. Esse termo foi usado aqui em sentido figurado. Foi Deus
que venceu os egípcios, e agora o seu povo é que despojaria o inimigo derrotado. Entretanto, esse
inimigo derrotado se dispôs a entregar o despojo da vitória ao povo hebreu, que se libertava.
Terceiro, mesmo que fosse tomado de forma literal, os presentes dados aos israelitas não
poderiam ser considerados como algo injusto, se for levado em conta que o povo de Israel
permanecera como escravo por vários séculos. Foi uma pequena compensação pelo tempo de
trabalho escravo no Egito.




2) FORAM REALMENTE 430 ANOS?

ÊXODO 6:16-20 - Como se explica que o povo de Israel tenha permanecido no Egito por 430
anos, se houve apenas três gerações entre Levi e Moisés?


PROBLEMA: Êxodo 6:16-20 indica que houve apenas três gerações entre Levi, filho de Jacó, e
Moisés. Entretanto, Gaiatas 3:17 mostra que Israel permaneceu no Egito por 430 anos. Como pode
ter havido apenas três gerações entre Levi, que desceu ao Egito no início desse período de 430 anos,
e Moisés, que libertou Israel do Egito no final desses 430 anos?


SOLUÇÃO: Primeiro, era uma prática comum no antigo Oriente registrar genealogias de acordo
com a tribo ou clã familiar. Nessa forma de registro genealógico, muitas gerações poderiam ser
omitidas pelo fato talvez de algumas pessoas serem de menor importância na árvore genealógica.
O hebraico não possuía uma palavra que correspondesse ao nosso termo "avô" ou "bisavô",
ou "neto" ou "bisneto". Conseqüentemente, quando Abraão é referido como "nosso pai", o único
termo hebraico capaz de indicar ser ele ancestral é o termo "pai". O mesmo se dá com a palavra
"filho". Por exemplo, Êxodo 6:16 afirma: "São estes os nomes dos filhos de Levi... Gérson, Coate e
Merari". Por tradição, estes são considerados realmente filhos de Levi. Entretanto, quando Êxodo
6:18 declara: "Os filhos de Coate: Anrão, Jizar, Hebrom e Uziel", Coate é dado como o cabeça
daquele ramo da tribo de Levi conhecido como "os coatitas". Anrão, Jizar, Hebrom e Uziel
provavelmente não eram filhos diretos de Coate, mas descendentes deste. A língua hebraica
empregou o termo "filho" com o sentido de "descendente".
Segundo, de acordo com Números 3:28, o censo da família dos coatitas registrou 8.600
pessoas, de um mês de idade para cima. Se tivesse havido apenas três gerações entre Levi e Moisés,
isto significaria que "os filhos de Coate", Anrão, Jizar, Hebrom e Uziel teriam de ter tido mais de
2.000 filhos cada um. Obviamente, ou o Anrão mencionado no versículo 18 como filho de Coate
não era o pai imediato de Moisés - assim como também não era o mesmo Anrão mencionado no
versículo 20 -, ou então houve de fato muitos outros descendentes de Coate que simplesmente não
estão relacionados nestes versículos, porque tal informação não é essencial dentro do contexto. De
qualquer modo, é claro que houve mais do que três gerações entre Levi e Moisés.



3) ÁGUA EM SANGUE?

ÊXODO 7:20 - Se Moisés transformou toda água em sangue, onde os magos conseguiram
água para realizar esse mesmo prodígio?


PROBLEMA: Êxodo 7:20 afirma que "toda a água do rio se tornou em sangue" por meio de
Moisés. Mas logo em seguida, no versículo 22, o texto diz que os magos do Egito realizaram o
mesmo feito, o que seria impossível se de fato Moisés tivesse transformado toda água em sangue.
SOLUÇÃO: Primeiro, deve-se observar que o termo "toda" não precisa ser entendido com um
sentido absoluto, mas tendo o sentido popular de "a maior parte". Além disso, não é dito que Moisés
tenha transformado toda água em sangue, mas somente toda "a água do rio" (Êx 7:20). Ainda havia
poços de água que não tinham sido atingidos. Também, parte da água pode ter sido filtrada pela
areia nas margens do rio. Isto pode explicar por que é dito que os egípcios "cavaram junto ao rio
para encontrar água que beber" (v. 24), tendo a areia servido como um filtro natural da água do rio.




4) PORQUE DEUS MATOU TODOS OS EGPCIOS?

ÊXODO 12:29 - Se Deus é amor, como pôde ele matar os primogênitos de todos os egípcios?

PROBLEMA: Êxodo 12:29-30 descreve aquela terrível noite quando Deus feriu, na terra do Egito,
"desde o primogênito de Faraó, que se assentava no seu trono, até o primogênito do cativo que
estava na enxovia; e todos os primogênitos dos animais". Esse juízo miraculoso foi levado ao Egito
porque Faraó se recusara a deixar o povo ir. Entretanto, o povo do Egito não tinha controle sobre os
atos de Faraó. Como um Deus de amor poderia então ferir os primogênitos dos egípcios, que não
eram responsáveis pelas decisões de Faraó?


SOLUÇÃO: Primeiro, não é certo presumir que, pelo fato de o povo egípcio não ter tido controle
sobre as decisões de Faraó, eles eram completamente inocentes. Cada pessoa egípcia teve, de certo,
a oportunidade de, por toda a dura prova dada por Deus sobre o Egito, fugir para Moisés e os
hebreus atrás de proteção daqueles juízos. De fato, Êxodo 12:38 afirma que "subiu também com
eles [os filhos de Israel] um misto de gente".
Sem dúvida, muitos egípcios juntaram-se aos hebreus em decorrência dos juízos de Deus. O
fato de que a maioria não quis se voltar ao Deus vivo, mesmo depois daquelas nove pragas
anteriores, indica que eles não eram apenas observadores inocentes.
Segundo, simplesmente porque o povo egípcio não mudou o pensamento de Faraó, não quer
dizer que esse povo não poderia tê-lo feito. Embora o poder do povo seja severamente limitado
num regime ditatorial, como o do Egito, pode-se admitir que o povo poderia ter se revoltado, ou
para forçar Faraó a mudar de idéia, ou para destituí-lo. De fato, Êxodo 12:33 afirma: "Os egípcios
apertavam com o povo, apressando-se em lançá-los fora da terra".
Até esse ponto, o povo egípcio aparentemente não fez esforço algum para apressar a saída
dos hebreus daquela terra. Os egípcios obviamente estavam contentes em deixar essas questões nas
mãos do seu rei. Por agirem assim, eles não eram inocentes das decisões que foram tomadas pelo
seu rei. O juízo de Deus não se dirigiu somente a Faraó ou aos chefes de estado da terra, mas ao
Egito como um todo, já que eles eram igualmente responsáveis pela opressão e escravidão imposta
ao povo de Deus.




5) COMO FOI POSSÍVEL A TRAVESSIA DE 2 MILHÕES DE PESSOAS EM TÃO POUCO TEMPO?

ÊXODO 14:21-29 - Como foi que dois milhões de pessoas puderam atravessar o Mar
Vermelho num tempo tão curto?

PROBLEMA: De acordo com o relato da travessia do Mar Vermelho, toda aquela multidão de
israelitas fugitivos deve ter tido não mais do que 24 horas para atravessar a parte do Mar Vermelho
que Deus preparou para que por ela passassem. Entretanto, de acordo com os números disponíveis,
havia cerca de dois milhões de pessoas (veja Nm 1:45-46). Mas, para uma multidão desse tamanho,
24 horas não seriam suficientes para a travessia.

SOLUÇÃO: Primeiro, embora a passagem possa dar a idéia de que o tempo necessário para que a
nação de Israel fizesse aquela travessia fosse curto, esta não é uma conclusão obrigatória. O texto
afirma que Deus fez com que um forte vento oriental soprasse e recuasse as água "toda aquela
noite" (Êx 14:21).
O versículo 22 parece indicar que logo na manhã seguinte a multidão de israelitas começou
a caminhada pelo leito feito dentro do mar. O versículo 24 afirma também: "Na vigília da manhã, o
Senhor... viu o acampamento dos egípcios". Finalmente, de acordo com o versículo 26, Deus disse a
Moisés: "Estende a mão sobre o mar, para que as águas se voltem sobre os egípcios". Entretanto,
não há referência alguma sobre o tempo em que este comando foi dado, e não é obrigatória a
conclusão de que Israel tenha completado a ultrapassagem naquela mesma manhã.
Segundo, mesmo que admitamos que a travessia tenha levado 24 horas, isso não é assim tão
impossível como pode parecer. A passagem não diz que o povo cruzou o mar numa fila indiana, ou
que tenham tido de passar por uma faixa de terra seca da largura de uma rodovia dos nossos dias.
De fato, é muito mais provável que Deus tenha aberto uma secção de alguns quilômetros de largura
no mar. Isso certamente estaria de acordo com a situação, já que é muito provável que o
acampamento dos israelitas nas margens do Mar Vermelho se estendesse por uns cinco quilômetros.
Quando chegou a hora de o povo marchar sobre solo seco, provavelmente eles se moveram como
uma grande multidão, avançando como um exército que estivesse invadindo as linhas do inimigo.
Em Êxodo 13:18, o mar é chamado de Mar Vermelho. Em hebraico é yam suph, que pode
ser traduzido por "Mar dos juncos". Esta era possivelmente uma referência a uma parte do mar bem
mais ao norte do que hoje se chama Golfo de Suez. Parece ser este o caso, por várias razões.
Primeiro, o Golfo de Suez não era conhecido por ter juncos. Segundo, ele é muito mais ao sul do
que Pi-Hairote e Migdol, onde Israel acampou junto ao mar, de acordo com o versículo 2.
Terceiro,para que Israel atingisse a extremidade mais ao norte do Golfo de Suez, eles teriam de ter
atravessado uma grande extensão de deserto, e tal tipo de jornada não é indicado no texto.
O Mar de juncos não era simplesmente uma extensão de terra pantanosa e rasa. Isto é
evidente por pelo menos duas razões. Primeiro, o versículo 22 afirma que quando o mar foi
repartido, "as águas lhes foram qual muro à sua direita e à sua esquerda". Isso obviamente não
aconteceria se o mar fosse apenas um pântano. Segundo, depois que os egípcios entraram pelo mar
em perseguição a Israel, Deus instruiu Moisés a estender a mão sobre o mar, e as águas voltaram ao
seu nível normal e "cobriram os carros e os cavalarianos de todo o exército de Faraó, que os haviam
seguido no mar" (14:28). Esta não teria sido uma descrição correta se o "Mar de juncos" fosse
simplesmente uma extensão de terra pantanosa e rasa.
É possível que o mar tenha sido o que se conhecia como o Lago Ballah. Este lago, embora
tenha desaparecido em decorrência da construção do Canal de Suez, provavelmente não tinha mais
do que 20 ou 25 quilômetros de largura. É claro que não haveria problema algum para que toda
aquela multidão pudesse atravessar esta distância em um dia.
Mesmo que suponhamos que Israel tenha atravessado pela parte mais larga do Golfo de
Suez, isto também não é um problema. Se admitirmos que a extensão atual do golfo é comparável
com a sua extensão naquele tempo, é provável que ele tivesse, em média, não mais do que 65
quilômetros. Teria sido necessário caminhar a uma velocidade inferior a 3 quilômetros por hora para
cruzar aquela extensão de 65 quilômetros em 24 horas.





6) DEUS DISSE PRA NÃO MATAR E DEPOIS DISSE PRA MATAR, SERIA ELE CONTRADITÓRIO?

ÊXODO 20:13 - Como pôde Deus dar o mandamento de não matar, se depois, em Êxodo
21:12, ele ordenou que os assassinos fossem mortos?


PROBLEMA: Nos Dez Mandamentos, Deus proíbe matar, ao dizer: "Não matarás". Entretanto, em
Êxodo 21:12 Ele ordenou que aquele que ferisse um outro homem, e este morresse, deveria também
ser morto. Isto não é uma contradição, Deus ordenar que não matemos, e depois ordenar que
matemos?

SOLUÇÃO: Uma grande confusão tem surgido por causa da incorreta tradução do sexto
mandamento, que assim dá a entender o que de fato não foi comandado por Deus. A palavra
hebraica usada na proibição deste mandamento não é a palavra usual para"matar" (harag). A
palavra usada é o termo específico para "assassinar" (ratsach). Uma tradução mais adequada deste
mandamento seria: "Não assassinarás". Ora, Êxodo 21:12 não é um mandamento para que se
assassine alguém, mas é um mandamento para se aplicar a pena capital no caso desse crime capital.
Não há contradição alguma entre o mandamento que diz que as pessoas não devem cometer o crime
do assassinato e o mandamento que diz que as autoridades estabelecidas devem executar a pena
capital no caso desse tipo de crime.




7) DEUS PODE OU NÃO SER VISTO?

ÊXODO 24:9-11 -Já que Deus disse em Êxodo 33:20: "homem nenhum verá a minha face, e
viverá", como essas pessoas puderam vê-lo?


PROBLEMA: Êxodo 24:9-11 registra que Moisés, Arão, Nadabe, Abiú e setenta dos anciãos de
Israel subiram ao monte de Deus e "viram o Deus de Israel". Entretanto, Êxodo 19:12-13 diz que as
pessoas nem mesmo podiam tocar na base do monte sem que com isso morressem. E em Êxodo
33:20 Deus diz que ninguém poderá vê-lo e continuar a viver. Como então estas pessoas puderam
subir no monte e ver Deus, e continuar vivas?


SOLUÇÃO: Primeiro, deve-se observar que Deus os convidou para irem vê-lo. Em Êxodo 19:12-
13 Deus disse a Moisés para estabelecer os limites em volta do monte, de forma que ninguém
tocasse em sua base, sob pena de morte. Entretanto, Deus especificamente convidou alguns para
subirem o monte, a fim de consagrá-los ao serviço para o qual eles tinham sido indicados, e para
selar a aliança que havia sido estabelecida entre Deus e a nação de Israel.
Segundo, está claro pela descrição e por outras passagens das Escrituras (Êx 33:20; Nm
12:8; Jo 1:18) que o que essas pessoas viram não foi a essência de Deus, mas sim uma
representação visual da glória de Deus. Mesmo quando Moisés pediu para ver a glória de Deus (Êx
33:18-23), foi somente a semelhança de Deus que ele viu (cf. Números 12:8, em que é empregada a
palavra temunah - "semelhança"), e não a essência de Deus propriamente dita.





8) DEUS MUDA DE IDÉIA?

ÊXODO 32:14 - Deus muda de idéia?


PROBLEMA: Enquanto Moisés estava no monte recebendo a Lei de Deus, o povo estava ao pé do
monte adorando um bezerro de ouro que tinham construído (32:4-6). Quando Deus instruiu Moisés
a descer até eles, o Senhor lhe disse que os consumiria, fazendo de Moisés "uma grande nação"
(32:10). Moisés, porém, ao ouvir isso, suplicou ao Senhor que abrandasse a sua ira. O versículo 14
diz: "Então se arrependeu o Senhor do mal que dissera havia de fazer ao povo". Isso quer dizer,
então, que Deus mudou de idéia. Entretanto, em 1 Samuel 15:29, Deus diz que "não é homem, para
que se arrependa"; e em Malaquias 3:6 ele diz: "Porque eu, o Senhor, não mudo". Ainda, no NT,
Deus demonstrou a "imutabilidade do seu propósito"(Hb 6:17), fazendo um juramento. Afinal, Deus
muda ou não muda de idéia?


SOLUÇÃO: Tem-se de sustentar enfaticamente que Deus não muda (cf. Ml 3:6; Tg 1:17). Ele não
muda de idéia, nem sua vontade ou natureza. Há vários argumentos que demonstram a
imutabilidade de Deus. Vamos considerar apenas três.
Primeiro, para que alguma coisa mude, algo tem de ser feito numa ordem cronológica. Tem
de haver um ponto antes e outro ponto depois da mudança. Tudo o que passa por um "antes" e um
"depois" existe no tempo, porque a essência do tempo é vista pelo progresso cronológico de uma
situação anterior para uma posterior. Entretanto, Deus é eterno e está fora do tempo (Jo 17:5; 2 Tm
1:9). Então, não pode haver em Deus uma série de "anteriores" e "posteriores"; logo, ele não pode
mudar, porque a mudança necessariamente envolve um "antes" e um "depois".
Segundo, toda mudança é para uma situação melhor ou pior, pois uma mudança que não
faça diferença não é uma mudança. Ou alguma coisa necessária é obtida, a qual anteriormente não
se fazia presente, o que é uma mudança para melhor; ou alguma coisa que se tem e que é necessária
é perdida, o que é uma mudança para pior. Mas, se Deus é perfeito, ele de nada necessita; portanto
ele não pode mudar para melhor. E se Deus fosse perder alguma coisa, então ele não permaneceria
perfeito; portanto Ele não pode mudar para pior. Assim, Deus não muda.
Terceiro, quando alguém muda de idéia, é porque recebeu uma nova informação, da qual
não tinha conhecimento anteriormente, ou porque as circunstâncias mudaram de forma a requerer
uma atitude ou ação diferente. Mas, se Deus mudou de idéia, não pode ser porque ele ficou sabendo
de qualquer nova informação que desconhecia anteriormente, porque Deus é onisciente - ele sabe
todas as coisas (Sl 147:5). Portanto, tem de ser porque as circunstâncias mudaram e demandam uma
atitude ou ação diferente. Mas se as circunstâncias mudaram, isso não significa necessariamente que
Deus tenha mudado de idéia. Significa apenas que, como as circunstâncias mudaram, o
relacionamento de Deus com a nova realidade é diferente. Porque as circunstâncias, e não Deus,
mudaram.
Quando Israel estava ao pé do monte, envolvido numa adoração a um ídolo, Deus disse a
Moisés que a sua ira estava ardendo contra os filhos de Israel e que ele se dispunha a destruí-los
num juízo. Entretanto, quando Moisés intercedeu por eles, as circunstâncias mudaram. A atitude de
Deus para com o pecado é sempre a ira, mas a sua atitude para com aqueles que o invocam é
sempre de misericórdia. Antes de Moisés orar por Israel, eles estavam sob o juízo de Deus. Porém, a
intercessão de Moisés pelo povo de Israel levou-os a ficar sob a misericórdia de Deus. O Senhor
não mudou. O que mudou foram as circunstâncias.
A linguagem empregada nesta passagem é chamada antropomórfica. É semelhante a uma
pessoa que, movendo-se de um lado para outro, diga: "Agora a casa está à minha direita", e depois:
"Agora a casa está à minha esquerda". Essas afirmações não querem dizer que a casa se moveu. É
que a linguagem, sob a perspectiva de alguém, está descrevendo que a pessoa mudou a sua posição
em relação àquela casa. Quando Moisés disse que Deus se arrependeu, essa foi uma forma
figurativa de descrever que a intercessão de Moisés teve êxito em mudar o relacionamento do povo
de Israel com Deus. Ele tirou a nação do juízo de Deus e a trouxe para a misericórdia de sua graça.
Deus não muda, nem muda de idéia, nem de vontade; sua natureza é imutável.




9) DEUS DESISTIU DE IR COM OS ISRAELITAS A TERRA PROMETIDA?

ÊXODO 33:3 - Deus mudou de idéia quanto a ir com os israelitas até a Terra Prometida?


PROBLEMA: Deus declara: "eu não subirei no meio de ti" (Êx 33:3). Contudo, mais tarde Deus
foi com eles de forma poderosa e vitoriosa, levando-os à vitória sob o comando de Josué (veja Josué
1-11).


SOLUÇÃO: Essas passagens falam de tempos diferentes. A primeira refere-se à primeira geração
de israelitas, a segunda fala da segunda geração que creu em Deus e que seguiu Josué até a terra.
Nem todas as advertências (ou promessas) de Deus são incondicionais. Esta, em particular, foi
condicional. Deus iria com eles se e quando eles confiassem no Senhor (o que a segunda geração
fez); mas Deus não iria com eles se e quando eles não confiassem nele (o que a primeira geração
fez). O propósito irreversível de Deus de levá-los à Terra Prometida dava lugar a certas condições
temporárias que poderiam ser alteradas de forma que tal propósito fosse atingido. (Quanto a Deus
mudar de idéia, veja também a questão anterior).



10) SE TODO GADO MORRERA, COMO ENTÃO HOUVE SOBREVIVENTES?

 ÊXODO 9:19-21 - Se todo o gado morrera, como então houve sobreviventes?


PROBLEMA: Êxodo 9:6 afirma que "todo o rebanho dos egípcios morreu" na quinta praga.
Contudo, em alguns versículos depois é dada uma instrução para que eles recolhessem o seu gado e
tudo o que tinham no campo (v. 19). Mas se todo o rebanho morrera, como é que houve
sobreviventes?


SOLUÇÃO: Em primeiro lugar, o termo "todo" com freqüência é usado com o sentido de "a maior
parte". Ademais, a praga aparentemente foi limitada ao gado "no campo" (v. 3). Os animais nos
currais não teriam sido atingidos. Finalmente, a palavra "gado" geralmente não se refere a cavalos,
jumentos e camelos, que devem ter sido parte do "rebanho" que foi poupado.
Em vista desses fatores, não há contradição entre as passagens. Nem mesmo se pode presumir,
tendo-se uma postura racional, que o mesmo autor, dentro do mesmo capítulo, tendo dado uma
descrição tão impressionante do que aconteceu, fosse contradizer-se.



Fonte: Livro Manual Popular - Duvidas, Enigmas E Contr. Biblia de Norman Geisler
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